Conversando sobre mosquitos

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Boa
leitura!
- Quais os métodos mais
eficientes de combate ao mosquito da dengue?
Para
o controle de mosquitos em geral, a inclusão de métodos baseados no Manejo
Integrado de Pragas é sempre a melhor opção. Pois estes abrangem um conjunto de
ações que leva em consideração as integrações existentes entre o meio ambiente,
os animais e o homem, buscando um equilíbrio real ao longo desta convivência.
-Você
concorda com o uso de outros animais para o combate a dengue? Quais animais
podem ser usados?
Na natureza, os insetos tem um papel importante dentro da
cadeia alimentar. Eles servem de alimento para uma infinidade de organismos
como os pássaros, por exemplo, que comem os mosquitos adultos. Os peixes se
alimentam das larvas quando essas são aquáticas. Também as libélulas são
importantes predadoras. Mas esse ciclo ocorre em ambiente silvestre
e equilibrado com águas correntes ou paradas, porém oxigenadas. No meio urbano e rural este
ciclo se rompe em vários pontos, e alguns organismos como os mosquitos se
proliferam desordenadamente, pois não há a presença dos seus predadores
naturais. Avalia-se que a inserção proposital de organismos predadores num
ambiente desequilibrado poderia representar apenas mais um problema. Haja vista
que os predadores dos predadores de mosquitos não poderiam ser inseridos
juntamente com esses.
- No Rio
de Janeiro, a prefeitura começou a utilizar peixes para comer as larvas do
mosquitos. Essa medida é eficaz?
É uma medida paliativa com uma eficiência baixa, ainda
mais se for utilizada isoladamente, pois há uma variedade de criadouros de
mosquitos no meio urbano ou mesmo rural onde não se pode criar peixes. Contudo,
esse método pode ser incluído dentro de um plano de controle mais abrangente,
aumentando a eficácia deste.
- Em
Campinas, uma parceria entre a prefeitura e a empresa Oxitec viabilizou a
utilização de mosquitos transgênicos no combate a dengue. O que você acha disso?
Os métodos de controle que utilizam a liberação de
mosquitos geneticamente modificados a fim de competir e suprimir os selvagens e
a sua propria prole, vêm surgindo como inovações tecnológicas de alto padrão. Acredito
que a viabilização desses métodos se faz necessária, pois somente os
experimentos no campo vão mostrar o quanto podem ser eficazes ou não. Este, da
Oxitec, visa um controle do tipo ‘supressão’, onde ocorre todas as atividades
reprodutivas entre os mosquitos, sem contudo produzir descendência, uma vez que os ovos são inviáveis. A
competição se dá naturalmente, mas é preciso verificar se os mosquitos modificados
teriam o mesmo ‘fitness’ do selvagem, isto é, se seriam competentes o bastante
para entrar na ‘guerra’ pelas fêmeas. A natureza pode sim reagir com os seus
mecanismos alternativos, se sobrepondo ao longo do tempo. Ou seja, a
experiência no campo pode e deve ser feita, mas sobre um tempo longo, uma área
restrita e um forte controle e observação do comportamento dessas populações de
mosquitos. É preciso verificar se tanto os selvagens como os modificados estão
sendo realmente suprimidos. E não atentar somente para a ocorrência ou não de
dengue na área de estudo. Pois há muitas outras variantes epidemiológicas
naturais na ocorrência da doença, que são alheias ao método de controle em
questão.
- É
possivel que esses mosquitos tragam ou agravem a transmissão de outras doenças?
O resultado depende de como a natureza vai responder a
este evento em especial. Os Artrópodes, Filo a que pertencem os invertebrados
como os mosquitos, possuem uma plasticidade genética invejável aos olhos
humanos. Mas os experimentos no campo e a observação cautelosa dos eventos
ecológicos podem proporcionar resultados seguros e evitar possiveis prejuízos.
- Plantas
podem ser utilizadas no combate da dengue? Quais são e como agem no combate ao
mosquito?
Os mosquitos reagem com sinais específicos diante de
alguns compostos voláteis de plantas. Pois eles costumam se aproximar para
alimentação de açúcar na seiva das folhas. Nesta condição, os mosquitos participam
como polinizadores, mas também contribuem para espalhar fungos e bactérias sobre
as plantas, tornando-se portanto indesejáveis a esta. Assim, dependendo da fase
em que a planta está ou o tipo de planta, são liberadas substâncias voláteis tanto
para atrair como para repelir os insetos. Estes, geralmente se afastam na
presença de cheiros fortes, como os derivados do eucalipto. Assim, ao colocar
plantas ou compostos de plantas pela casa que liberam odores semelhantes, pode
sim ajudar a espantar os mosquitos. Contudo, deve haver uma observação se este procedimento não está atraindo os insetos ao invés de repelí-los.
- Você
conhece algum outro meio não convencional para combater a proliferação do
mosquito?
A
inclusão dos meios convencionais constitui o melhor método para conter a
proliferação das pragas em geral. Contudo, no caso dos mosquitos nem sempre os
fatores básicos que levam a sua proliferação estão inseridos nos programas
de controle. Diante de um planejamento, deve-se levar em conta que o aumento da
população de mosquitos é diretamente proporcional à quantidade de problemas
existentes na infraestrutura urbana e rural e ao desequilíbrio ecológico de maneira
geral. Temos que uma comunidade com alta aglomeração de pessoas,
por exemplo, contribui como fonte de alimento para as fêmeas de mosquitos,
aumentando o seu potencial de reprodução. Bem como, a grande quantidade de
recipientes nos quintais, nas ruas e em meio ao lixo e a existência de buracos
e valas com água parada, sem a devida demanda de fluxo contribuem para o rápido
crescimento das larvas dos mosquitos. Assim, qualquer tentativa, seja do
governo, dos conselhos comunitários ou de cada um no sentido de reduzir esses
agravos, contribui consideravelmente para a redução do potencial reprodutor dos
mosquitos e consequentemente da proliferação destes.
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