Fêmea de Culex quinquefasciatus sugando sobre a pele humana. Foto: Sandra Nagaki, SP

quinta-feira, 27 de março de 2014

Dicas para manter o mosquito da dengue Aedes aegypti bem longe da casa e da sua família



Foto Wikipedia
Há muito tempo que a comunidade científica descobriu que algumas substâncias específicas, contendo ou não moléculas aromáticas, sensibilizam os mecanismos olfativos dos mosquitos pela ação dos quimioreceptores, presentes principalmente nas antenas. Dentro do raio de ação dessas substâncias que são voláteis, os pequenos bichanos ficam confundidos e sem direção. Não conseguindo ‘farejar’ o alimento - o sangue dos animais ou o açúcar presente nas plantas – estes dão meia volta, batendo em retirada. 

Isso também acontece com a gente. Na presença de alguns aromas ficamos inebriados, sem direção e alguns até mexem com as nossas emoções. Tudo depende da resposta que os receptores celulares olfativos emitem para tal e tal aroma....

Contudo, a maioria das substâncias capazes de ‘repelir’ os mosquitos são sintéticas e tóxicas como o DEET ou possuem aquele cheiro básico de eucalipto, como as que estão presentes na composição da famosa planta citronela ou nas folhas do eucalipto. Sabemos que a exposição constante a estas moléculas, que são circulares e de alto peso molecular, pode desencadear processos alérgicos ou até mesmo uma leve tontura ou dorzinha de cabeça. Isso por causa da dispersão no ambiente das moléculas voláteis (cheiro) do composto e a reação em cadeia iniciada pelo contato, muitas vezes agressivo, destas moléculas com os sensores olfativos presentes nas células do nosso corpo. 

Foi pensando em todos esses ‘poréns’ e ‘vírgulas’ que durante esta semana estive pesquisando e testando algumas opções práticas que poderiam afastar o Aedes aegypti do interior da casa. Fui com urgência, principalmente por causa dessa mania que ele tem de ‘vir com tudo’ em plena luz do dia e picar nossa pele várias vezes por segundo, sem dó nem piedade. Além, claro, de ser o principal vetor do vírus da dengue

De cara, o que chamou a atenção foram as excelentes propriedades da Andiroba. Uma árvore amazônica, cujo óleo extraído de suas sementes realmente repele os mosquitos, além de ser um  hidratante da pele. Uma coisa legal, é que o óleo da andiroba não tem perfume como os extratos da citronela e eucalipto. Ao pesquisar, encontrei alguns produtos industrializados à base de andiroba, os quais possuem registro no MS e estão disponíveis comercialmente, como o repelente Tropical da Vini Lady. Esse produto é um creminho, não oleoso e hidratante. Ele não contém aquele perfume forte que normalmente tem nos outros repelentes, exalando um aroma bem suave, quase nada. É de fácil absorção e não é tóxico. Inclusive, segundo o fabricante, pode ser usado em crianças acima de 6 meses. Ao passar nas pernas e atrás dos braços no período da manhã, durante todo o dia nenhum Aedes aegypti chega perto. 

Outra opção é a vela da semente ou do óleo de andiroba, usada no ambiente interno da casa. Esta, ao ser queimada, exala o agente ativo que inibe a atividade do mosquito, reduzindo a capacidade deste em picar as pessoas. Muito usada na Amazônia, pesquisas revelaram uma eficiência de 100% na repelência do mosquito, resultado jamais encontrado em qualquer outro produto existente no mercado destinado ao combate do inseto. Além desta característica, a vela é totalmente atóxica, não produz fumaça e não contém perfume. Afasta, mas não mata. E só funciona em ambientes fechados com até doze metros quadrados.

Para quem não gosta de acender velas dentro de casa, encontrei as opções de repelentes de tomada, porém na forma líquida. Pois os repelentes de pastilhas parecem funcionar melhor para o Culex quinquefasciatus, o pernilongo, que tem atividade noturna. Para o Aedes aegypti, o formato liquido tem se mostrado mais eficaz. Existem várias marcas de aparelhos com repelentes líquidos, dentre elas a SBP disponibilizou no mercado vários tipos de refil. Sendo, além dos sintéticos, as fórmulas à base dos naturais citronela e eucalipto. Esse aparelho pode ser colocado num cômodo da casa mesmo com a janela aberta, devendo esta ser fechada após a saída dos mosquitos ou anexada uma tela com trançado muito fino. Lembre-se, as moléculas voláteis possuem um raio de ação extremamente curto. O produto não funcionará num cômodo muito amplo ou aberto.

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