Fêmea de Culex quinquefasciatus sugando sobre a pele humana. Foto: Sandra Nagaki, SP

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Mosquitos transgênicos são do bem ou são do mal?

A transgênese nada mais é do que a transferência induzida de genes entre os organismos. Os ensaios com manipulação genética têm sido mais frequentes na agricultura, visando principalmente maior produtividade no controle de pragas e também no aumento da qualidade e conservação do produto. Os alimentos transgênicos possuem alto risco para mudanças na produção ou conformação de proteínas, de modo a torná-las maléficas para o metabolismo dos animais que as consomem. De fato, essas consequências só podem ser observadas em longo prazo, rolando abaixo anos de pesquisas no melhoramento genético de um produto.

Por outro lado, a manipulação genética tende a ser benéfica tanto para a economia do país como para a cura de doenças ou mesmo em uma alimentação mais nutritiva. O sucesso das pesquisas com manipulação genética depende de boas ideias, da disponibilidade de recursos e principalmente de propósitos mais científicos do que meramente comerciais.

Só recentemente os ensaios com transgênese têm sido feitos em mosquitos de importância em saúde pública. Para isso, são testadas as mais variadas técnicas para transformar o mosquito, de forma a suprimir a reprodução e, por conseguinte, o tamanho da população ou induzi-lo a resistência para infecção por patógenos.

Algumas técnicas se baseiam na inserção de um fragmento alvo no DNA do mosquito, acoplado a um promotor, o qual iniciará a amplificação deste no interior da célula. Uma vez inserido e amplificado, o gene irá expressar uma proteína com função pré-determinada ou intervirá na função de outra proteína alvo presente no meio celular. Outras técnicas, nesse caso de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), fazem uso de irradiação com intuito de esterilizar mosquitos machos, de modo a serem liberados na natureza e acasalar com fêmeas selvagens, sem produção de descendentes viáveis.

O maior desafio ainda consiste em acompanhar a natureza, pois a manipulação genética envolvendo expressão de novas moléculas pode sim levar a um curto circuito, interferindo na homeostasia do sistema intracelular. Como também níveis de irradiação mal ajustados podem gerar defeitos na aptidão do organismo. Nesse ínterim, a própria natureza tende a reagir no sentido de melhorar aquele organismo defeituoso, tornando-o ainda mais resistente que num primeiro momento, ou seja, a lei da ação e reação.

Todavia, as pesquisas com manipulação genética, mesmo que inicialmente pareçam ter resultados inalcançáveis, têm sido altamente relevantes para o avanço no conhecimento da ciência e dos mecanismos que a movimentam.

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