Fêmea de Culex quinquefasciatus sugando sobre a pele humana. Foto: Sandra Nagaki, SP

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Rio Pinheiros X Pernilongos

As águas estagnadas e poluídas do rio Pinheiros, em São Paulo, favorecem o desenvolvimento dos estágios imaturos do mosquito Culex quinquefasciatus. Os constantes despejos de produtos químicos, orgânicos e os mais variados tipos de lixo desencadeiam uma série de reações químicas na água do rio, resultando na poluição deste. Este microambiente é estável e faz com que as larvas se desenvolvam mesmo em períodos de inverno.

As larvas do Culex possuem adaptação respiratória para sobreviver em ambientes anóxicos, e um agravante é o fato de não haver predadores naturais ou qualquer outro tipo de competidor, justamente por causa do desequilíbrio e saturação do meio líquido. De outro modo, quando chove pouco, as águas ficam ainda mais estagnadas. Isso mantém a integridade das jangadas de ovos, garantindo o desenvolvimento até os outros estágios de vida.


Esse ‘sucesso’ é refletido nas análises populacionais do Culex do rio Pinheiros. Nos testes morfométricos de asas de fêmeas e genitálias de indivíduos machos, os mosquitos apresentam tamanho maior – podendo ser pela gordura corporal- e pouca variância interna. Assim como, geneticamente, a população de mosquitos do rio Pinheiros mostra baixa variabilidade. Esses dados apontam fluxo gênico entre os indivíduos e estabilidade adaptativa.

Por outro lado, a pouca variabilidade em populações Culex pode representar um espectro de alcance maior nas ações de controle. Isso pela possibilidade de knockdowns populacionais mais rápidos no caso de novos produtos inseticidas ou técnicas de controle por transformação genética. Porém, essas técnicas ficam sem eficácia se não forem feitas ações no sentido de recuperação das águas do rio, a fim de prevenir novas infestações.


Coleta de Culex no rio Pinheiros, em São Paulo, realizada pela Faculdade de Saúde Pública/USP.

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